Dia Internacional do Reggae: saiba como o estilo musical criado na Jamaica inspira artista brasileiro a mais de 5 mil km de distância

  • 01/07/2025
(Foto: Reprodução)
Zilvan a Praiana orgulha-se de poder expressar seus sentimentos por meio da música e das canções e de saber que suas letras podem levar um pouco de paz a quem as escuta. Zilvan a Praiana, de Presidente Prudente (SP) Marcel Sachetti Mais do que só música, o reggae é uma cultura que promove a paz e a justiça social. No dia 1º de julho, é celebrado o Dia Internacional do Reggae, gênero que tem raízes culturais na Jamaica, mas encontra no Brasil o segundo país que mais o consome. Robert Nesta Marley, o Bob Marley (1945–1981), é considerado o maior nome do estilo e foi o responsável por unir a comunidade do reggae no mundo todo, além de servir de inspiração para vários artistas, incluindo Zilvan Laurindo, o Zilvan “a Praiana”. 📱 Participe do Canal do g1 Presidente Prudente e Região no WhatsApp “Robert Nesta Marley, Bob Marley, é muito mais do que um ícone musical, é símbolo de resistência, paz e justiça. Suas músicas falam de amor, liberdade e luta contra a opressão. Enxergá-lo é entender o poder da arte como voz de transformação e inspiração para o mundo inteiro. Com certeza, é minha inspiração diária e sua música tem um poder atemporal, capaz de atravessar gerações e fronteiras, e ainda hoje inspira milhões”, afirmou Zilvan ao g1. Nas letras de Marley, o reggae tem como principal foco criticar injustiças na política, com reflexões sobre violência, opressão e racismo, mas, também, falar sobre a espiritualidade e a religiosidade na vida das pessoas. Para Zilvan, o estilo é uma expressão cultural rica, com mensagens profundas de paz, resistência, amor, espiritualidade e justiça social. No entanto, por não estar entre os estilos mais populares do mercado, como o sertanejo, o pop ou o funk, acaba sendo menos valorizado em algumas cenas locais, além de uma menor aceitação do público mais conservador. “Infelizmente, o reggae ainda sofre muito preconceito em várias partes do Brasil e, na nossa região, não é diferente. Muitas vezes, esse preconceito vem de estereótipos antigos e equivocados que associam o estilo a um estilo de vida marginalizado ou a comportamentos desviantes, o que não representa a verdadeira essência do reggae”, informou o artista, que mora em Presidente Prudente (SP), a mais de cinco mil quilômetros de distância da Jamaica. “Mas é exatamente aí que artistas como eu procuram fazer a diferença: mostrando que o reggae tem voz, qualidade e propósito, e que há, sim, espaço para todos os estilos”, disse Zilvan. Zilvan a Praiana, no show 'Cheiro do Mar', em Presidente Prudente (SP) Marcel Sachetti Início de tudo Conforme Zilvan, a música, no geral, sempre foi muito presente em sua vida e, desde cedo, teve contato com diversos instrumentos, sendo algo indispensável para ele. “Sou o caçula de seis irmãos e, desde muito cedo, a música esteve presente na minha vida. Ainda criança, cresci em uma casa onde havia sempre instrumentos espalhados pelos cantos, como violão, trompete, teclado, entre outros, influenciado por alguns parentes e amigos da família. Além disso, meus pais costumavam organizar forrós no quintal de casa, o que tornava o ambiente ainda mais musical. A música rapidamente se tornou indispensável no meu dia a dia e, quando percebi, já estava estudando trompete, violão, bateria e outros instrumentos” acrescentou o musicista ao g1. Assim como acontece com muitos artistas, a trajetória de Zilvan começou nas famosas bandas de garagem, iniciando como guitarrista e vocalista em bandas de rock de Presidente Prudente. Segundo ele, cercado por amigos, a virada de chave para o reggae aconteceu de forma inesperada. “Depois de um ensaio, o Vinícius Pires, baixista da banda na época, me mostrou um CD do Armandinho e disse: ‘Escuta isso aqui, Zil’. A partir daquele momento, mergulhei no universo do reggae. Comecei a pesquisar, ouvir cada vez mais e, naturalmente, a compor letras que logo se transformaram em músicas. E sigo fazendo isso até hoje, com a mesma paixão de sempre”, contou ao g1. Atualmente, o artista divide o tempo entre o emprego formal e os projetos musicais. Zilvan é formado tecnicamente nas áreas de eletrônica e segurança no trabalho. Durante o dia, atua como técnico de transmissão em uma emissora de TV e, nos horários livres, se dedica ao que mais ama: a música. De acordo com o artista, ser um cantor independente tem seus desafios. Um dos maiores é a falta de recursos para investir em produção, divulgação e marketing, o que torna tudo mais difícil, porque, além de cantar e compor, é necessário gravar, produzir, divulgar nas redes sociais e correr atrás de oportunidades. “É um verdadeiro malabarismo. E ainda tem a concorrência com a grande indústria musical, que muitas vezes deixa pouco espaço para quem está começando por conta própria. Fora isso, tem a questão da remuneração. Muitos artistas acabam tocando em bares e eventos sem saber ao certo se estão recebendo um valor justo. Mas, mesmo com todas essas dificuldades, seguimos em frente, porque a paixão pela música fala mais alto”, explicou o artista. “A maioria dos músicos que conheço sonha em viver exclusivamente da sua arte — e comigo não é diferente. É um caminho desafiador, repleto de escolhas difíceis, especialmente para quem vive no interior do nosso estado. Ainda assim, sigo firme, movido pela paixão e pelo desejo de transformar a música na minha principal forma de expressão e sustento”, comentou Zilvan. Para Zilvan, a família é, sem dúvida, o seu maior apoio na caminhada musical. Em especial, sua esposa, Thamires Ortiz, que, mesmo com a correria e o pouco tempo que conseguem passar juntos, sempre está ao seu lado. Segundo ele, ela é sua maior incentivadora e motivação para seguir em frente e continuar lutando por esse sonho. Zilvan a Praiana, de Presidente Prudente (SP) Marcel Sachetti Inspiração A inspiração de Zilvan vem de bandas e compositores nacionais, como Armandinho, Natiruts e Planta & Raiz. No entanto, sua maior referência continua a ser o Rei do Reggae, Bob Marley, com suas letras de força e verdade. Mas, também, o prudentino trabalha com Música Popular Brasileira (MPB), forró pé de serra e as brasilidades em geral, para se conectar ao público e criar um som autêntico em cada apresentação. No Oeste Paulista, o cenário musical é bem diversificado, mas alguns gêneros se destacam por serem mais tradicionais da região, como o sertanejo, o samba e o pagode. Porém, outros estilos, como o rock, o rap e a MPB, também estão ganhando força e formando novos públicos e novas vertentes musicais em Presidente Prudente. “Como artista de reggae, muitas vezes me sinto na contramão desse cenário, já que o chamado 'Sertão Prudentino' tem raízes fortes em outros estilos. Ainda assim, sigo acreditando e trabalhando para mostrar que há espaço para todas as formas de expressão musical na nossa região, inclusive para o reggae e suas mensagens de paz, amor e resistência”, afirmou Zilvan ao g1. Em abril deste ano, o artista lançou sua primeira música autoral, “Cheiro do Mar”. De acordo com ele, a ideia nasceu de uma frustração de não conseguir alinhar férias, viagem e dinheiro para ir até o litoral. “Sempre foi uma dificuldade: a distância, o trânsito, a necessidade de cruzar praticamente todo o estado só pra conseguir pisar na areia. Toda essa indignação virou inspiração, e acabou se transformando em música. Um trecho resume bem esse sentimento: ‘Às vezes eu coloco um pouco de sal no meu copo para sintonizar, com quase 660km de estrada é tão difícil de sentir, o cheiro do mar’” explicou Zilvan ao g1. Assim como a faixa “Cheiro do Mar”, outra música de autoria própria é “Aquele Dom”, lançada também em abril. “Ambas as músicas contam com arranjos muito bem elaborados e a colaboração de grandes parceiros musicais, que merecem ser mencionados: Daniel Lemes nas guitarras, gaita e produção, Thiago Lima na percussão, Diego Santos na bateria, Kaio Araújo no contrabaixo, Jack Tromp nos metais e Gabriel Machado nos teclados”, apresentou o cantor. Conforme Zilvan, o maior orgulho que ele sente por ser cantor e compositor é poder expressar seus sentimentos por meio da música e das canções e saber que suas letras podem levar um pouco de paz a quem as escuta. “É gratificante pensar que aquilo que crio pode tocar o coração de alguém, em qualquer lugar do mundo”, afirmou. Zilvan a Praiana, no show 'Cheiro do Mar', em Presidente Prudente (SP) Marcel Sachetti Próximos passos O show de lançamento autoral de Zilvan aconteceu em abril, intitulado “Cheiro do Mar”, em alusão à faixa de mesmo nome, no Sesc Thermas, em Presidente Prudente. “Durante o evento, capturamos áudio e vídeo, e, quem sabe, pode surgir algum lançamento ao vivo a partir desse material. Em breve, pretendo entrar em estúdio para gravar mais canções, mas o principal objetivo é trabalhar para mostrar que, sim, no interior também há espaço para uma banda de reggae autoral”, acrescentou. Outras duas músicas autorais do artista foram lançadas em maio e já estão disponíveis, “Bagunça Tudo” e “Carta à Lua”. “‘Bagunça Tudo’, que fiz pra minha companheira de vida, fala: ‘Você chega bagunçando tudo, mas o seu cheirinho ainda está aqui’. É a faixa mais apaixonada do EP, feita para tirar os sapatos e tirar para dançar. Com refrão grudento, deixando o som carismático e apaixonado — aquele que transforma caos em festa, e festa em conexão”, descreveu. Já a música “Carta à Lua”, de acordo com Zilvan, é para sair do chão e falar com os céus. “A outra é ‘Carta à Lua’, sair do chão e falar com os céus. ‘Com asas coloridas, você vai me ver passar noites em claro a te observar’. É um skazinho sensível, escrita com a caneta da saudade e a tinta da esperança. O arranjo é sutil, de beleza quase transparente, e mostra que o reggae também sabe ser elétrico, confessional e delicado", admitiu. Zilvan a Praiana, de Presidente Prudente (SP) Marcel Sachetti Novo disco Após o lançamento do seu primeiro EP autoral e ultrapassar a marca de 10 mil reproduções nas plataformas digitais, Zilvan vive um dos momentos mais inspiradores de sua carreira, provando que o reggae feito no interior também tem sal, vibração e potência para alcançar multidões. “A realização desse show em um dos palcos mais queridos da região é um sonho pra muita gente, inclusive pra mim. Estar prestes a realizar esse sonho, ainda mais podendo lançar um EP e um show totalmente autoral, é como se eu estivesse literalmente na beira do mar, sentindo toda a vibração e a paz que ele proporciona. Sentimentos a milhão”, contou Zilvan. O EP “Cheiro do Mar” traz quatro faixas autorais que transitam entre o reggae pop e a MPB com uma identidade própria. Conforme o artista, a proposta é: “Falar de amor, natureza, espiritualidade e liberdade com delicadeza e profundidade, sem perder o swing que move o corpo". EP 'Cheiro do Mar', de Zilvan a Praiana Lucas Abdala e Marcel Sachetti “Minhas músicas eu acredito que levam os ouvintes a relembrar a sensação de estar com os pés na areia e apreciando o infinito de água salgada, mesmo estando tão longe do mar”, explicou o musicista. As faixas do EP —“Cheiro do Mar”, “Aquele Dom”, “Carta à Lua” e “Bagunça Tudo”— trazem o reggae em uma forma fluida e afetiva, em que, de acordo com Zilvan, as letras grudam na cabeça como areia nos pés. “Com certeza, irão encontrar muito sentimento bom em forma de reggae, com letras dançantes e apaixonantes que vão grudar na cabeça, sem contar a energia e a vontade de estar lá no mar”, resumiu o artista. Assim como a estrategista Andrea Davis, que fundou o Dia Internacional do Reggae inspirada pela igualdade de direitos, Zilvan busca mostrar que é um gênero que se sente, que une e que é compartilhado em cada canção. VÍDEOS: Tudo sobre a região de Presidente Prudente Veja mais notícias em g1 Presidente Prudente e Região.

FONTE: https://g1.globo.com/sp/presidente-prudente-regiao/noticia/2025/07/01/dia-internacional-do-reggae-saiba-como-o-estilo-musical-criado-na-jamaica-inspira-artista-brasileiro-a-mais-de-5-mil-km-de-distancia.ghtml


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