Por que relançar em LP o álbum que apontou o desgaste da parceria de Rita Lee com Roberto de Carvalho em 1990?

  • 19/01/2025
(Foto: Reprodução)
Imagem promocional da reedição em LP do álbum ‘Rita Lee e Roberto de Carvalho’, de 1990 Divulgação ♫ ANÁLISE ♪ Por que reeditar em LP o pior álbum da parceria de Rita Lee (1947 – 2023) com Roberto de Carvalho? Para fãs e/ou colecionadores de discos, esse é o tipo de pergunta com resposta óbvia: porque todos os discos merecem ser reeditados e precisam estar em catálogo. Para que os canonizaram a obra de Santa Rita de Sampa após a morte da artista, há dois anos, o questionamento pode soar até como heresia. Mas o fato é que nem o vinil branco marmorizado – alardeado pela gravadora Universal Music na divulgação da reedição em LP – justifica o relançamento desse álbum que apontou, em 1990, sério desgaste da parceria de um casal 20 que tinha feito história no pop brasileiro de 1979 a 1985. Quando o álbum Rita Lee & Roberto de Carvalho foi lançado em novembro de 1990, a parceria dava claros sinais de esgotamento no repertório que incluía rock ironicamente intitulado Coração em crise. Sim, a parceria estava em crise. Assim como a relação do casal. Tanto que, a partir de 1991, Rita e Roberto se separaram artisticamente, com a cantora partindo para o bem-sucedido show solo Bossa’n’roll, transformado em álbum ao vivo. Não por acaso, o álbum de 1990 – lançado pela gravadora EMI em LP e CD, formato que ainda não havia se firmado no mercado fonográfico do Brasil – foi antecedido nas rádios pelo single promocional que apresentava não uma música de Rita e Roberto, como tinha se tornado praxe a partir de 1979, mas a primeira e única parceria de Rita com o então recém-falecido Cazuza (1958 – 1990), Perto do fogo. Mesmo sem ser uma grande música, Perto do fogo ainda acendeu chama criativa que pareceu apagada em canções esquecíveis como Volta ao mundo – canção de pretensa aura bossa-novista – e Esfinge. Tipo inesquecível era fox apaixonado, talvez mais moldado para a voz de Ney Matogrosso, como Rita reconheceria anos depois na autobiografia da artista. Para piorar, Roberto de Carvalho assumiu o canto de duas das dez músicas do álbum, É a vida e Farsa. É a vida era da lavra do casal. Já Farsa tinha sido composta por Roberto sem a colaboração de Rita. Trata-se de pseudo-blues assinado por Roberto em parceria com o compositor e guitarrista André Christovam, presente na faixa como (grande) músico. Em mais um indício de que a parceria desandava, havia no disco outra música de Roberto sem a assinatura de Rita, Uma noite em Hong Kong, rock de Roberto com Júlio Barroso (1953 – 1984) e Tavinho Paes (1955 – 2024). O maior destaque do disco é a abordagem da canção francesa La Javanaise (Serge Gainsbourgm, 1963) em clima de bossa, com direito à citação do samba Desafinado (Antonio Carlos Jobim e Newton Mendonça, 1959) ao fim da faixa que encerrava o disco, dando a pista do próximo trabalho solo de Rita Lee. Enfim, definitivamente, as coisas não iam bem para Rita Lee e Roberto de Carvalho em 1990. Ora reeditado após 35 anos, o álbum irregular daquele ano de 1990 é o atestado de crise que somente seria contornada em 1995 com a reunião (para sempre) do casal no show da memorável turnê A marca da zorra.

FONTE: https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/post/2025/01/19/por-que-relancar-em-lp-o-album-que-apontou-o-desgaste-da-parceria-de-rita-lee-com-roberto-de-carvalho-em-1990.ghtml


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